quinta-feira, 8 de setembro de 2011

HISTÓRIA DA AQUICULTURA NO OESTE DO PARANÁ

O início das atividades de aquicultura na região oeste paranaense está relacionado com a instalação do Centro de Piscicultura Aquicultura Ambiental – CPAA em Toledo, que em 1978, firmou-se um convênio entre SUDEPE, o Governo do Estado do Paraná, a Secretaria de Estado do Interior e Administração de Recursos Hídricos, Autarquia Estadual vinculada a Secretaria de Estado do Interior, a execução das obras e doação do terreno teve como contrapartida da Prefeitura Municipal de Toledo. O CPAA é decorrência da obrigatoriedade legal de instalação de um Centro de Pesquisas para mitigação de impactos causados pela formação do reservatório de Itaipu. Em decorrência da instalação da usina hidrelétrica foram instalados dois Centros de Piscicultura, um na margem paraguaia e outro do lado brasileiro, em Toledo.
Com as atividades de pesquisas sobre os peixes do rio Paraná e com a introdução das carpas e tilápias no CPAA, foi disseminada a idéia de produção de peixes com adubação orgânica advinda da produção de suínos, cujos dejetos eram na época, canalizados para os cursos d´água, causando grandes problemas de poluição. O Centro fornecia alevinos de diversas espécies de peixes para criação, e realizava treinamentos para produção de subsistência e também para comercialização nas propriedades e em feiras.
Após este início, no final dos anos oitenta, o Centro de Piscicultura Aquicultura Ambiental incentivou os piscicultores a instalarem estações de reprodução e alevinagem, inclusive com a doação das matrizes. Esta orientação fez com que a produção de peixes na região tivesse um grande crescimento, inclusive com a instalação de diversos pesque-pagues na região e com a exportação da produção para outras regiões do Paraná e para São Paulo.
Também neste período os municípios de Toledo e Assis Chateubriand começam a investir no apoio a construção de tanques escavados, o que motivou diversas empresas de terraplanagem a montar patrulhas mecanizadas especializadas para construção de viveiros escavados.
No início dos anos noventa várias prefeituras da região apóiam a piscicultura, destacando-se Toledo e Assis Chateubriand, que com a Plano da Piscicultura “Arca de Noé”, tornou-se uma referência para cultivo do catfish Ictalurus punctatus, e Toledo passa as ser reconhecido como Pólo Regional de Piscicultura, tendo o centro de piscicultura e com a várias estações de produção de alevinos, dos quais destacaram-se a Piscicultura Dalbosco e a Piscicultura Schneider, entre outras.
A partir de 2001, houve um grande investimento do governo estadual com subsídios para construção de viveiros escavados, em parceria com as prefeituras municipais, sendo ampliados a partir de 2003, com a organização de associações de piscicultores.
Em 2002, com a introdução da técnica de reversão sexual para produção de lotes monosexo, a tilapicultura teve um grande impulso, o que fez com que a tilápia se transformasse na principal espécie explorada e base da cadeia produtiva, incentivando a profissionalização dos produtores e a industrialização da atividade. Neste ano foi incentivada a instalação em Assis Chateubriand, da primeira indústria de filetagem de tilápias, através de um projeto do Programa Bom Emprego.
Em fevereiro de 1993, em Marechal Cândido Rondon foi realizado o maior encontro de piscicultores até então, com mais de 600 participantes com palestras e inauguração de um restaurante especializado em peixes, na Chácara Alvorada. A partir deste evento e com o apoio da EMATER e da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento a atividade teve um grande crescimento, com a organização da Associação de Aquicultores do Oeste do Paraná - AQUIOPAR, reunindo as associações de Palotina, Marechal Cândido Rondon e Missal, para construção do primeiro frigorífico em forma associativa, que funcionou de 1994 a 1995, quando por problemas gerenciais e de fidelidade de seus associados foi a falência. Este fato foi devido ao preço de comercialização ter sido aviltado à época pelos transportadores de peixe para pesqueiros de São Paulo, que prometiam pagamentos superiores aos frigoríficos, o que posteriormente mostrou-se um problema, pela inadimplência de pagamento pelos mesmos transportadores, o que levou a atividade a uma crise no final dos anos 90.
Com os investimentos na atividade de piscicultura a formação de recursos humanos também foi alvo de investimentos por parte dos governos estadual e federal, sendo na época criados o Curso Técnico em Piscicultura, em Toledo, os cursos de Graduação em Agronomia, Zootecnia e Engenharia de Pesca, na Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE, em Marechal Cândido Rondon e Toledo, e de Medicina Veterinária na Universidade Federal do Paraná - UFPR, em Palotina.
Em 1992 foram instalados os primeiros tanques-rede no reservatório de Itaipu, financiados pelo governo do Paraná, por meio do Programa Panela Cheia. Estes tanques-rede, confeccionados com tela rígida, com medidas de 4 x 4 metros e dois metros de profundidade, foram instalados em diversos municípios lindeiros ao reservatório, mas a maioria dos pescadores abandonaram a atividade, alguns anos depois.
Em 1996, foi criada a Associação dos Alevinocultores do Paraná – ALEVINOPAR, e por meio de uma parceria da associação com o Governo do Estado foi realizada uma importação de uma nova linhagem de tilápias do Nilo, da Tailândia, denominada Chitralada. Estes peixes foram distribuídos aos alevinocultores da região e utilizadas em cultivos intensivos.
Nos anos 2000 a atividade enfrentou períodos cíclicos de crises, devido à variação dos preços pagos pelo peixe, e por dificuldades em relação à disponibilização de crédito para investimento e custeio da atividade. Mas por outro lado se instalaram na região diversas fábricas de rações e unidades de processamento consolidando a região como maior produtora de peixes em tanques escavados do Paraná, com mais de 50% da produção, que correspondia mais de 12 mil toneladas, sendo mais de sete mil somente de tilápias, com a maioria da produção concentrada nos municípios de Toledo, Maripá Assis Chateubriand e Marechal Cândido Rondon.
Em 2003, com a criação da Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, da Presidência da República -SEAP-PR, a Itaipu Binacional e as entidades do setor iniciaram as discussões para implantar os primeiros Parques Aquícolas, o que efetivamente foi iniciado em 2004 e em 2007 foram licitadas as primeiras 73 cessões de uso para aquicultura nos Parques Aquícolas delimitados no reservatório de Itaipu, distribuídos pelos parques do São Francisco, São Francisco Falso e Ocoí. Também nestes últimos anos houve diversas ações de capacitação técnica dos pescadores e piscicultores da região oeste, por meio das universidades, da EMATER, do Instituto Ambiental do Paraná – IAP, das prefeituras municipais e da Itaipu Binacional.
Nestes últimos anos houve também um grande investimento na ampliação da formação de recursos humanos para a área de Aquicultura, com a implantação de dois Programas de Mestrado na Unioeste, um na área de Zootecnia e outro na área de Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, além da criação de um curso de Tecnologia em Aquicultura na UFPR – no Campus de Palotina e de um curso Técnico no Instituto Federal – Campus de Foz do Iguaçu, para formação de técnicos, tecnólogos e engenheiros com formação técnica para atuação no setor produtivo.

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